ministério da cultura e intermuseus apresentam
Intenções
A cultura desempenha um papel crucial nas transformações sociais, oferecendo uma plataforma poderosa para a expressão, reflexão e redefinição dos valores que moldam nossa sociedade. As transformações sociais se fazem por meio de práticas que, em grande medida, são culturais.
Iniciativas no campo da cultura têm o potencial de fazer despontar novas formas de nos relacionarmos e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, dando voz e espaço para grupos e indivíduos que nem sempre são priorizados nas políticas públicas em geral.
O projeto Cultura Transformação parte dessas premissas para iniciar um processo de diálogo e investigação sobre os dilemas de enfrentamento de questões sociais por meio das linguagens artísticas e expressões culturais. Para isso, nos propomos estudar e observar experiências concretas como resposta a questões sociais em territórios específicos, a fim de discutir as múltiplas formas de impacto que expressões e iniciativas culturais podem ter no território no qual atuam.
ponto de partida
TERRITÓRIO – a pesquisa parte deste conceito-chave. Território, entendido como espaço de experiências, de construção de pertencimentos, identidades e subjetividades. Território não é apenas um espaço físico delimitado geograficamente, mas é fundamentalmente um espaço social, construído e transformado pelas interações entre as pessoas, suas práticas, culturas, economias e poderes.
Os contornos de cada território são produzidos pela vida vivida, pelas relações sociais (seus meios, processos e tensões) e pela memória coletiva. Cada um de nós constrói, segundo Milton Santos, “vastas associações com alguma parte de sua cidade e a imagem de cada um [que cada um constrói dela] está impregnada de lembranças e significados”. A memória afetiva de indivíduos e coletividades sobre o território no qual convive é a base para a compreensão das tramas que constituem cada lugar.
Processo de trabalho
PESQUISA DE REFERÊNCIAS, DE CAMPO E CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTO COLETIVAMENTE
– Nesse laboratório investigativo, o grupo de pesquisadores interlocutores vem realizando, basicamente, três atividades:
1. Levantamento e análise de referências e experiências em que as atividades e práticas culturais estão acionadas em processos de transformação social;
2. Pesquisa de campo em diálogo com pessoas que atuam em iniciativas culturais em territórios da cidade de São Paulo;
3. Diálogos e elaboração coletiva de reflexões e perguntas a respeito do tema cultura e transformação.
Esse processo vem gerando um acervo composto por materiais em diversos formatos, como textos, áudios, fotografias e vídeos, compartilhados por meio desta página e de ativações na rede social do Intermuseus.
Algumas experiências que vale conhecer
Reunimos aqui uma pequena coleção de ações culturais que ativaram processos de transformação social e causaram impactos em seus territórios. São iniciativas brasileiras e estrangeiras que vão desde artistas produzindo cinema e teatro a partir de suas próprias perspectivas (indígenas e periféricas), até centros culturais e museus que adotam como missão central o engajamento com suas comunidades.
Rolês
ROLÊ foi o termo escolhido para expressar as características da pesquisa feita pelo grupo de investigação em campo: uma volta rápida, um deslocamento, conduzido por pessoas anfitriãs, que conhecem e atuam naquele território, que possibilita experimentar diretamente alguns espaços da cidade, percorrendo-os preferencialmente a pé, observar os espaços, acontecimentos e movimentos e dialogar com os agentes que sustentam e dinamizam seus territórios por meio de ações culturais.
Desses percursos, despontaram histórias, descobertas, percepções, perguntas, potenciais articulações. Para apreender a imagética desses percursos, o projeto convidou o fotógrafo e designer Nego Júnior, autor dos ensaios fotográficos que você pode conferir aqui.
perguntas e descobertas
pesquisa de campo em dois territórios de São Paulo
O projeto Cultura Transformação vem buscando conhecer processos de gestão colaborativa de espaços de cultura que se originam de atuações poéticas e políticas em territórios, de modo a aprender com essas experiências – como elas são criadas, como se articulam com as pessoas e com outras iniciativas, como se sustentam, são mantidas e podem ser expandidas. Esta seção reune as perguntas e as percepções que despontaram no laboratório investigativo. Trata-se de um processo em aberto, em que tanto as perguntas quanto as experiências com que travamos contato irão se expandir conforme o projeto caminhe.
roda de conversa
INICIATIVAS CULTURAIS E AÇÃO TRANSFORMADORA EM TERRITÓRIOS
Confira os vídeos da roda de conversa que discutiu as múltiplas formas de impacto que expressões e iniciativas culturais podem ter no território no qual atuam.
O encontro foi realizado na instalação Cartografia dos Sentidos, que aplicou, sobre no piso do Centro Cultural FIESP, um mapa gigante do centro expandido da cidade de São Paulo, em cima do qual os visitantes puderam caminhar, e que revelava a presença dos rios ocultos pelo crescimento urbano. Realizada pelo Intermuseus em parceria com o Museu das Memórias Afetivas- MUMA, o projeto Rios e Ruas e com o SESI-SP, a roda de conversa aconteceu em 03 de dezembro de 2023.
Participantes
Bia Sankofa
Moradora da Cidade Tiradentes, na Zona Leste de São Paulo, Fabiana Pitanga, ou DJ Bia Sankofa é articuladora de diversas iniciativas culturais na região, através do hip hop e da literatura afrobrasileira, como a Biblioteca Comunitária Solano Trindade (da qual foi coordenadora), a coletiva Oyasis – Mulheres Búfalo, voltada ao autocuidado e fortalecimento de mulheres pretas periféricas, e o coletivo Ègbè Òsun Òmindelè, comunidade de povos de terreiros, ponto de cultura que se considera um quilombo urbano-rural.
Wanessa Sabbath
Cantora, compositora, atriz e fundadora da Casa Amarela Quilombo Afroguarany, ocupação cultural localizada na região da Consolação que visa abrir espaço às culturas afro-brasileiras e indígenas integrando as periferias ao centro da cidade e utilizando a arte como elemento transformador social. A Casa é reconhecida desde 2015 como primeiro quilombo urbano do centro paulistano e, desde 2018, como ponto de cultura pelo Ministério da Cultura.
Nego Júnior
Formado em Design Digital e pós-graduado em Mídia, Informação e Cultura pelo Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura da USP. Trabalhou em diversas agências de publicidade como diretor de arte digital até posteriormente embrenhar-se no mundo da fotografia, sua grande paixão. Designer, fotógrafo e produtor artístico e audiovisual, é um dos fundadores dos projetos culturais Samba Rock Na Veia e Samba Rock Di Quebrada. Foi o precursor do processo de registro do samba rock como patrimônio cultural imaterial da cidade de São Paulo. Integra outros coletivos sociais e culturais como CoNEE (Coletivo de Necessidades Educativas Especiais), Caldeirão Negão, Projeto Omodé, Ocupação Jeholu, Rede de Apoio Humanitário nas e das Periferias, entre outros.
Renata Motta
Diretora Executiva do IDBrasil – Museu da Língua Portuguesa e Museu do Futebol, trabalhou e realizou pesquisa na área de museografia para diversas instituições, foi diretora do Instituto Sergio Motta (2007-2011), diretora do Sistema Estadual de Museus – SISEM-SP (2011-2013), coordenadora da Unidade de Preservação do Patrimônio Museológico – UPPM (2013-2017), assessora do Gabinete da Reitora da Universidade de São Paulo para a área de museus e coleções (2017 a 2020) e presidente do ICOM-Brasil (Conselho Internacional de Museus).
Comentários
José Bueno
Arquiteto e urbanista, criador do Instituto Harmonia, Educação e Sustentabilidade. Atua há 20 anos como educador inspirado na filosofia do Aikido, arte marcial cujo propósito é a restauração da harmonia e do equilíbrio em situações desafiadoras. É um dos fundadores da iniciativa “Rios e Ruas” que busca trazer um novo olhar dos cidadãos para os rios escondidos de várias cidades do Brasil. Seu trabalho como arquiteto social é estimular pessoas para uma nova consciência por meio de experiências que integrem convivência entre gerações, aprendizagem vivencial e empoderamento criativo.
Fabi Silva
Pesquisadora, dançarina, arte educadora, e articuladora cultural. Mestranda em Humanidades, direitos e outras legitimidades pela USP, é articuladora de equipe e processos artísticos pedagógicos no Programa Vocacional da SMC de São Paulo e integrante da equipe curatorial do projeto GiraLab, como colaboradora do Intermuseus.
Maurício Panella
Antropólogo e artista multimídia, com doutorado em Artes Visuais pela Universidade de Granada – Espanha. Dedica-se à criação de projetos artísticos multilinguagens e à coordenação de programas transpedagógicos que convidam as pessoas a viver processos imersivos com suas histórias e seus lugares. É diretor, criador e coordenador de Programas e Projetos Culturais do Casadágua – Instituto e Estúdio de Criação. Idealizador e coordenador do Museu da Memória Afetiva de Natal,RN. Seu desafio atual é coordenar o Programa Museal Jornada no Bosque no Parque das Dunas de Natal.
Ficha técnica
Realização
Intermuseus
Coordenação executiva
Andréa Buoro
Coordenação de conteúdo
Joana Tuttoilmondo
Administrativo e financeiro
Raquel Celso
Gestão dos recursos incentivados
Ana Maria Barcelos de Lima
Proposição metodológica
Ednéia Gonçalves
Pesquisa de campo
Aline Fátima, Andréa Buoro, Bianca Soares Ramos, Fabi Silva, Joana Tuttoilmondo, Marcia Padilha, Nego Júnior, Ronaldo Miranda
Interlocutores convidados – Rolês
Abílio Ferreira, Cleiton Ferreira de Souza (Fofão), Edvan da Silva Soares (Boca Noroeste), Raul Silva Costa, Talita Duarte
Interlocutores convidados – Roda de conversa
Bia Sankofa, Nego Júnior, Renata Motta, Wanessa Sabbath
Comentadores – Roda de conversa
Fabi Silva, José Bueno, Maurício Panella
Ensaios fotográficos
Nego Júnior
Pesquisa e texto das Experiências
Marina Frúgoli
Redação e revisão
Aline Fátima
Edição dos vídeos e comunicação redes sociais
Ronaldo Miranda
Design gráfico
Dínamo Design – Alexsandro Souza
Website
Bruno Gosling e Fabiana Lizak
Coordenação de conteúdo
Joana Tuttoilmondo
Coordenação executiva
Andréa Buoro
Administrativo e financeiro
Raquel Celso
Gestão dos recursos incentivados
Ana Maria Barcelos de Lima
Agradecimentos
Comunidade Cultural Quilombaque, SESI-SP, Museu das Memórias Afetivas – MUMA, Rios e Ruas, Vila Itororó – Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo